Lugar de marginal é na Escola?

Tratarei de um tema polêmico dentro do contexto da educação formal: a inclusão social (terminologia progressista) a partir da interferência da Escola, como falácia dos profissionais engajados da área. Temos imediatamente dois opostos, paroxismos da educação. De um lado – e maioria – os pedagogos e professores com um pé no futuro e que “reinventaram” a arte de ensinar sem esforço algum por parte do aluno e, muitas vezes, sem seguir nem vestígios de quaisquer preceitos éticos que funcionariam, comumente, como condutores dos relacionamentos. Obviamente, do outro lado está os acomodados que não aceitam as mudanças porque não foram preparados para tal. Daí o medo de dizer o que aponta a razão: o problema não parece estar somente circunscrito à escola e aos professores como simplificam os mais entendidos. Surgem então os psicólogos logo atrás, com as placas indicando que falta mesmo é limite, palavrinha coringa essa. Parece até que trabalham no Detran. Não duvido que estejam certos, mas, na verdade, poderiam avançar um pouco mais no simplismo que indica a dificuldade de convivência e vivências do jovem como reflexo de um mal bem mais arraigado e de combate no básico tripé que existe desde que o mundo convencionou chamar mundo por mundo e está no âmbito social/familiar/escolar.

Como disse, o antigo parâmetro do professor versus alunos não é mais suportável, então, simploriamente é oferecido ao estudante o papo cabeça imediatamente contrário: docente e discentes são farinha do mesmo saco. Será?


Alunos e professores por participarem do mesmo processo de ensino-aprendizagem estão sujeitos a essas, digamos, facilidades reducionistas, simplificadoras, da modernidade. No nosso tempo pode-se misturar para depois obter-se resultados – é o mesmo preceito que rege a pós-modernidade nas artes. Da mesma forma que há uma necessidade básica dos pais falarem “a mesma língua” dos filhos, como é apregoado pelas cartilhas da psicologia e da pedagogia moderna. Será mesmo isso tão necessário?

No esteio dessas contradições há, pelo menos para mim, uma diferença e delimitação básica entre aluno e estudante. Nas minhas intervenções em sala, de nada me vale tentar incutir em um camarada com 18 anos, por exemplo, algo que deveria ter sido apreendido aos oito. Improdutivo. Nisso as teorias da psicologia da educação são bastante claras (vide Piaget): aprendizados diferentes, idades ideais diferentes. Sim, mas, voltemos. Aluno são aqueles que fazem número na sala e que aparecem nas atas, chamadas e números do governo para obter recursos dos bancos mundiais de financiamento e quase sempre usados em campanhas eleitorais em gráficos multimídia. Já os estudantes – além da diferença terminológica sugerida pelos policamente corretos da educação – são os únicos beneficiários do atual sistema escolar. São eles que fazem diferença e não os professores como supõe a maioria da categoria docente. São eles que ultrapassam as condições horríveis de uma educação “gotancitiana” em que a maioria dita o que não vai ser objeto de estudo da minoria realmente interessada em desenvolver potenciais. Estudo é esforço, o resto é apenas mensagem…

São também, estudantes, o exemplo claro que demonstra que o bom senso não pode ser ensinado de forma voluntária; são respeitosos (no sentido amplo) no momento em que essa qualidade é cafona (até mesmo o termo cafona está obsoleto); são criativos e não apenas inventivos como todos são em fases iniciais do aprendizado. São também jovens e se misturam aos outros transformando todo contexto em massa falida. Será mesmo? Ou será que estamos misturando joio, trigo e gasolina?

Notem que trato apenas da escola formal e não dos mecanismos informais, sem intervenção direta do estado.

Defendo a escola para quem quer escola. Universidade para quem quer universidade. Mudar circunstâncias adversas para quem reaje às adversidades. Daí também defendo oportunidades para todos, e principalmente, para os que veem na escola algo que a rua, a família, a marginalidade não pode dar. Defendo essa minoria. Acho que sou/estou meio cafona… Contestar o que mantém o status quo da escola moderna não parece um bom caminho que escolhi… Colocar no colo do aluno um pouco de responsabilidade também vai gerar os “traumas” cansativamente repetidos pelos policamente corretos. Parece que estou vendo o rebu: “seu reacionário! Você não sabe o que e com quem está falando!”

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